Colocada em prática há três anos pela Casa da Moeda, a entrada em circulação da nova família de cédulas de real será afetada pela necessidade do governo de economizar dinheiro para cumprir a meta de superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida). Lançadas ontem, as notas de R$ 2 e R$ 5, com tamanhos diferentes, terão o cronograma de substituição atrasado. Dessa forma, apenas as 150 milhões de cédulas já impressas, sendo 75 milhões de cada valor, estarão disponíveis na praça por pelo menos um ano e meio, conforme admitiu o diretor de Administração do Banco Central, Altamir Lopes.
O atraso na fabricação e distribuição das novas notas prejudicará a ação do BC no combate à falsificação. No ano passado, foram apreendidas 513 mil cédulas falsas de real, dos quais dois terços eram da primeira família da moeda brasileira, com menos elementos anti-fraude do que as da segunda família. O número coloca o real à frente do dólar e do euro em proporção de falsificação. Em 2012, para cada um milhão de notas de real em circulação, 92 eram falsas. Já as moedas dos Estados Unidos e do bloco europeu tinham patamar de 50 adulterações por milhão de cédulas. Essa diferença, no entanto, já foi maior. Em 2003, por exemplo, foram apreendidas 197 notas de real falsificadas para a cada milhão de cédulas em poder do público.
Quem não tiver acesso às novas notas não precisa se preocupar, já que as antigas continuarão valer normalmente durante um bom período. A troca dos papéis, no entanto, deverá demorar mais do que o previsto, porque a Casa da Moeda teve o orçamento para o ano reduzido em R$ 600 milhões devido ao corte de despesas anunciado na semana passada pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, no valor de R$ 10 bilhões.
A consequência disso, explicou Altamir Lopes, será a maior degradação do papel-moeda em circulação. "Essa restrição (orçamentária) inibe um pouco a produção de cédulas. Então, o que se pode fazer, se necessário, é ter de conviver com notas de pior qualidade por um tempo maior", disse.
Fonte: Correio Braziliense - 30/07/2013