Criação de emprego tem pior resultado em 4 anos
Autor(es): Geralda Doca
O número de vagas abertas com carteira assinada no país recuou 21% no semestre, já descontadas as demissões. O resultado foi o pior desde maio de 2009, em plena crise global.
No 1º semestre, um recuo de 21% no saldo de vagas
O mercado formal de trabalho (com carteira) registrou no primeiro semestre deste ano saldo líquido (admissões menos demissões) de 826.168 empregos, o pior resultado dos últimos quatro anos para o período. Em maio de 2009, quando a crise financeira internacional atingiu em cheio as contratações com carteira assinada no país, foram criados 397.936 postos.
O saldo acumulado entre janeiro e junho de 2013 teve queda de 21% em relação ao do primeiro semestre do ano passado, que foi de 1,047 milhão, considerando dados ajustados (declarações fora do prazo) até maio, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Contratações na Copa
No mês passado, foram criados 123.836 empregos, o saldo que ficou ligeiramente acima do registrado em junho de 2012, de 120.440 postos. Embora todos os setores da economia tenham alcançado saldos positivos, o segmento de serviços foi o único com desempenho satisfatório, tendo respondido pela contratação de 44.022 trabalhadores, acima dos 30.141 no mesmo período do ano anterior. Os destaques foram os ramos de alojamento e alimentação e de transporte e comunicação. Na explicação do ministério, a realização dos jogos da Copa da Confederações ajudou a elevar as contratações em junho.
A agricultura ficou em primeiro lugar em junho, com saldo de 59.019 empregos, mas o resultado foi favorecido por fatores sazonais (colheita da safra, sobretudo café, uva, soja e laranja), o que não deve se repetir nos próximos meses. O nível do emprego nos demais setores ficou praticamente estável em relação a igual período de 2012. Foram 8.330 vagas no comércio; 7.922 na indústria de transformação e 2.092 na construção civil. Em maio, este segmento havia eliminado 1.877 postos.
Diante dos dados, o ministro da pasta, Manoel Dias, revisou para baixo a meta de geração de empregos neste ano, de 1,7 milhão para um saldo entre 1,3 milhão e 1,4 milhão. Segundo ele, a projeção inicial era do ex-ministro do Trabalho Brizola Neto.
Impacto dos juros
Segundo o ministro, a alta nos juros, iniciada em abril, não afetará o mercado de trabalho. Apesar das quatro quedas consecutivas semestrais na geração de empregos, Dias resiste em falar em desaceleração, alegando que a criação de postos no segundo semestre vai continuar e será mantida pelos investimentos. Ele citou o programa das concessões do governo federal (portos, aeroportos, rodovias) e o Minha Casa Minha Vida.
Fonte: O Globo - 24/07/2013