Bloco vive impasse sobre presidência temporária, que caberia à Venezuela.
Brasil e Paraguai questionam situação política no país vizinho.
O Uruguai cancelou uma reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul no próximo sábado (30) em Montevidéu, em que seria discutida a passagem da presidência pro tempore do bloco à Venezuela. Até o momento, a chancelaria uruguaia não divulgou a decisão à imprensa, mas ela foi confirmada pelo Itamaraty e pelo Ministério de Relações Exteriores do Paraguai, que já foram comunicados.
O Paraguai havia anunciado esta semana que não iria participar do encontro em Montevidéu por discordar da passagem da presidência a Caracas.
Na ocasião, o chanceler do país vizinho garantiu que Brasil e Argentina também anunciariam sua ausência, o que esvaziaria o encontro.
Consultado pelo G1, no entanto, o Itamaraty informou que, diferente do que foi dito pelo paraguaio, não mandará representantes porque foi avisado pelo Uruguai do cancelamento da reunião.
A passagem da presidência pro tempore de seis meses, que segundo a norma interna corresponderia agora à Venezuela, se transformou em motivo de discussão e expôs divergências entre os governos que integram o Mercosul.
O bloco é presidido pelo Uruguai desde o começo do ano, e a Venezuela deveria assumir o posto em julho. A sequência dos países que ocupam o cargo é definida por ordem alfabética e a troca é semestral.
Mas a cúpula de julho foi suspensa, e o Paraguai solicitou uma reunião para discutir a situação. A reunião aconteceu, mas não se chegou a um consenso.
O Brasil quer que a passagem da presidência seja prorrogada até agosto. O chanceler José Serra manifestou sua "preocupação" com a situação na Venezuela. O Paraguai afirmou reiteradamente que considera que o governo de Nicolás Maduro busca silenciar o parlamento venezuelano.
Unanimidade
Não existe unanimidade quanto à intepretação do Tratado de Assunção (acordo de fundação do grupo, assinado em 1991) e do Protocolo de Ouro Preto (1994) sobre o modo pelo qual a transferência tem que ser realizada.
A Venezuela alega que a transferência do mandato é automática, enquanto outros membros do grupo entendem que a decisão deve ser tomada em consenso.
O Conselho do Mercado Comum reúne os ministros das Relações Exteriores e de Economia dos países-membros do Mercosul, sendo o principal órgão de decisão do bloco depois da cúpula de chefes de Estado.
A Venezuela vive grave crise econômica enquanto a oposição a Maduro busca viabilizar um referendo que tire o atual governo do poder.
Fonte G1 de 28/07/2016