Lucro líquido foi R$ 914 milhões menor do que o registrado no ano anterior.
Dívida bruta da empresa aumentou 58%, subindo para R$ 14 bilhões.
A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) divulgou nesta sexta-feira (3) para investidores seus resultados consolidados de 2015, que estavam atrasados em ao menos um mês. O lucro da construtora cai 51% no ano passado, na comparação com 2014.
Segundo a Odebrecht, o lucro líquido foi de R$ 890 milhões em 2015, uma queda de R$ 914 milhões se comparado ao lucro registrado no ano anterior.
Presente em 18 países, a Odebrecht Engenharia e Construção é o braço do grupo que presta serviços de engenharia e construção de infraestrutura.
"A receita bruta alcançou R$ 58 bilhões, sendo 87% deste faturamento proveniente de operações internacionais, com receitas em dólares. Esse valor foi impactado principalmente pela depreciação do real de quase 50% em 2015 e pela hiperinflação de 180,9% na Venezuela. Normalizando esses dois efeitos, a receita bruta ficou em linha com a de 2014", informou a construtora.
A empresa, que possui capital fechado (não tem ações negociadas na bolsa), fechou 2015 com dívida bruta de R$ 14 bilhões, o que representa um crescimento de 58% em 1 ano. A Odebrecht informou que encerrou o último ano com um saldo de disponibilidade de R$ 9,9 bilhões, o que resulta em uma dívida liquida de R$ 4 bilhões. O caixa, quando medido em dólares, caiu 43% em 2015, de US$ 4,4 bilhões ao final de 2014 para US$ 2,5 bilhões em 31 de dezembro de 2015.
O Ebitida (lucro antes pagamento de juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de R$ 5,8 bilhões, lastreado nos 161 contratos em execução, nos 18 países de atuação da empresa.
"Em 2015, a carteira de projetos da OEC fechou o ano em US$ 28,1 bilhões. Os contratos internacionais representam 79% da carteira, enquanto que os do Brasil respondem por 21% - sendo que a fatia de obras privadas responde por 85%", informou a construtora.
"Aproximadamente R$13 bilhões do faturamento gerado no exterior são provenientes da América Latina, que registrou forte crescimento das receitas no México, Peru e República Dominicana. O restante está relacionado às obras na África e, em menor escala, em Portugal e Emirados Árabes Unidos. Desde 2011, a participação do Brasil na receita total tem sido reduzida dos 45% registrados naquele ano para 13% em 2015, devido à redução da atividade econômica no país", acrescentou.
Investigada na Lava Jato
Nesta semana, executivos da Odebracht assinaram um Termo de confidencialidade com os investigadores da Operação Lava Jato, que apura desvio de recursos da Petrobras por políticos, partidos e ex-dirigentes da estatal. O termo de confidencialidade é uma espécie de pré-delação e antecede a assinatura do acordo de delação premiada.
No mês passado, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota de crédito de Odebrecht em razão do atraso na divulgação das demonstrações financeiras da empresa. O rating foi reduzido em dois "degraus", de "BB" para "B+" – 4 degraus abaixo do grau de investimento, que é o selo de bom pagador.
No comunicado divulgado nesta sexta, a empresa afirma ter implementado melhorias em suas práticas de governança, com destaque para a criação do Comitê de Conformidade (CC) e a contratação de escritórios especializados de advocacia e contabilidade forense para realizarem um processo de análise das alegações feitas no contexto da operação Lava Jato.
"É responsabilidade do CC monitorar de forma efetiva a exposição a riscos, os sistemas de controles internos e o cumprimento de leis, normas e regulamentos, assim como das políticas da companhia; além da efetiva supervisão do processo de elaboração dos relatórios financeiros, visando assegurar sua qualidade e integridade", informou.
Fonte: G1 03/06/2016
