prévia da inflação desacelerou fortemente em março com a perda de fôlego dos preços do alimentos e a mudança da bandeira tarifária da conta de luz de vermelha para amarela.
Segundo dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (23), o IPCA-15 foi de 0,43% em março, bem abaixo do registrado em fevereiro(1,42%) e no mesmo mês do ano passado (1,24%).
Foi a menor inflação para meses de março desde 2012 (0,25%).
Uma forte desaceleração era esperada, mas o resultado ainda assim surpreendeu. O centro das estimativas de economistas consultados pela agência Bloomberg indicava variação de 0,54% nos preços em março.
Com a menor pressão, o índice de inflação acumulado em 12 meses passou de 10,84% em fevereiro para 9,95% em março. Economistas esperavam 10,08% para o período.
O índice deixou assim a marca simbólica da casa de dois dígitos. Ele segue, contudo, muito distante do teto da meta de inflação do governo para este ano, de 6,5%.
Os preços do grupo de alimentação e bebidas até subiram em março (0,77%), só que menos do que em fevereiro (1,92%). O impacto do grupo foi de 0,20 ponto percentual no índice geral.
Vários produtos vieram com preços em queda, como o caso do tomate (-19,21%) e da batata-inglesa (-4,61%). Permaneceram em alta cenoura (24,08%) e frutas (6,11%).
Os produtos alimentícios in natura —sobretudo os tubérculos— tinham registrado forte aumento de preços no fim de 2015 e início deste ano por causa das chuvas.
Vilã da inflação no ano passado, a energia elétrica recuou 2,87% em março e contribuiu para reduzir em 0,11 ponto percentual a inflação no período, algo expressivo.
Em 1º de março, a bandeira da conta de luz mudou de vermelha para amarela, reduzindo de R$ 3 para R$ 1,50 o custo adicional de cada 100 quilowatts-hora (kWh) de energia consumidos.
Com isso, o grupo habitação —que tem dentro dele a energia elétrica— apresentou uma deflação de 0,52% na prévia de março, após um avanço de 0,40% no mês anterior.
Dos produtos que ainda pressionaram os preços para cima, os combustíveis tiveram alta de 1,23% em março, o maior impacto individual sobre a inflação no mês.
DEMANDA
Em fevereiro, o IPCA (índice oficial) começou a dar os primeiros sinais que a recessão econômica pode amainar o aumento de preços de bens e serviços, segundo o IBGE.
Esses sinais apareceram na variação de preços como alimentação fora de casa (bares e restaurantes), passagens aéreas, educação, hotéis e motéis, por exemplo.
O Banco Central tem sinalizado, ao manter os juros básicos (Selic) em 14,25% ao ano, que a recessão econômica vai fazer a inflação convergir para o centro da meta no próximo ano.
Pelo boletim Focus, do Banco Central, os economistas projetam inflação de 7,43% neste ano, bem abaixo dos 10,67% de 2015, mas ainda distante do teto da meta de inflação.
Fonte: Folha S.Paulo