BRASÍLIA - O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, avaliou que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ocupa um dos cargos mais difíceis do mundo, mas será, segundo ele, capaz de gerenciar a situação econômica adversa no Brasil.
"Não há uma resposta fácil para o que pode ser feito no Brasil. É uma situação muito difícil e há muita relação com o que acontece na economia global", afirmou Kim, durante entrevista por teleconferência de Washington, onde se prepara para participar, na semana que vem, da reunião anual do FMI e do Banco Mundial, em Lima, no Peru.
Para ele, o país "está tentando gerenciar uma situação muito complicada", com a queda do preço das commodities e a possibilidade de aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, o que deve tornar os mercados emergentes menos atrativos para os fluxos de capitais internacionais.
Além disso, Kim considerou que a inflação está alta e que o país enfrenta dificuldades orçamentárias. "As ferramentas que o Brasil tem, em termos de política monetária, foram reduzidas", disse. "Mas, mesmo com o aperto orçamentário, o Brasil procura manter o seu compromisso de proteger os mais pobres", completou o presidente do Banco Mundial, em entrevista para um grupo de jornais de vários países do qual o Valor foi o representante no Brasil.
Questionado se o governo brasileiro deveria utilizar medidas fiscais para recuperar a credibilidade perante os investidores, Kim respondeu citando imediatamente o ministro da Fazenda. "Deixe-me dizer que, quando Levy foi anunciado ministro, o mundo inteiro reagiu positivamente. Nós nos encontramos com os ministros da economia o tempo todo e imediatamente vimos que ele é uma pessoa brilhante e experiente, que tem grande confiança para fazer o que é certo e com quem temos um diálogo muito bom. Dito isso e que ele é muito respeitado, nós temos que reconhecer que está num dos empregos mais difíceis do mundo."
O presidente do Banco Mundial ressaltou que o país tem mecanismos para sair da situação atual de dificuldades. "Nós acreditamos nas instituições brasileiras, que são fortes. O comprometimento [do governo] com os pobres também é forte e Levy é um dos ministros mais capazes para lidar com essa situação."
02/10/2015 - Fonte: Valor Online