As previsões dos analistas de mercado para o dólar subiram de forma expressiva, assim como a estimativa de inflação para este ano e para 2016. Com isso, também aumentou a aposta para o juro básico no ano que vem, após três semanas de estabilidade, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central.
Para analistas, as incertezas sobre o quadro fiscal têm pesado sobre as expectativas expressas no boletim do BC e existe a possibilidade de o mercado estar colocando um prêmio sobre as estimativas para absorver riscos. A mediana das estimativas para a cotação da moeda americana no fim deste ano subiu de R$ 3,70 para R$ 3,86. No fim de 2016, o dólar deve chegar a R$ 4, em vez de R$ 3,80, segundo analistas.
A alta do dólar se intensificou após a perda do grau de investimento do país. O câmbio mais depreciado tem elevado as estimativas para a inflação. No Focus, depois de cair na semana anterior, a mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a subir, de 9,28% para 9,34%. Para 2016, a previsão agora é de 5,70%. Em 12 meses, a mediana subiu de 5,72% para 5,82%.
As incertezas sobre a economia brasileira têm pesado sobre as expectativas de câmbio e inflação, afirma Flavio Serrano, economista-sênior do banco Haitong. "Parece que, por causa das incertezas, há um prêmio sendo colocado nas projeções de inflação", diz.
A Tendências Consultoria segue projetando alta de 5,4% para o IPCA no próximo ano e avalia que a inflação vai convergir para a meta, de 4,5%, em 2017. A economista Alessandra Ribeiro explica que, como grande parte da depreciação cambial deve ocorrer em 2015 - e o que mais atinge a inflação é a variação do dólar, e não seu nível - os efeitos do real mais enfraquecido devem se concentrar no IPCA deste ano, que vai subir 9,6%. Alessandra também observa que o quadro recessivo da economia, que deve persistir em 2016, contribui para o cenário de desaceleração inflacionária nos próximos anos.
Entre os analistas Top 5 -aqueles que mais acertam as previsões -, a mediana para o longo prazo subiu. O grupo elevou as projeções do IPCA de 2018 e 2019 de 4,5% para 4,8% (mediana de médio prazo). A mediana do mercado em geral para esses dois anos seguiu em 4,5%. Para 2017, Top 5 e mercado estimam 4,7%.
22/09/2015 - Fonte: Valor Online