A desorganização da economia, a corrupção e a falta de investimentos no setor de energia fizeram o Brasil perder a atratividade para investidores internacionais. Entre janeiro e julho, os investimentos diretos no país, feitos diretamente na produção, recuaram 33% e atingiram US$ 36,92 bilhões, ante US$ 55,42 bilhões no mesmo período do ano passado. Para o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, o mau resultado decorreu de fatores como a crise deflagrada pela Operação Lava-Jato e o medo do racionamento de energia. "Apesar de o investimento direto estar ligado a uma visão de mais longo prazo, eles foram afetados pelo menor crescimento da economia e pela ocorrência de eventos não econômicos", disse.
Maciel ressaltou que, com a alta do dólar, os ativos brasileiros tendem a se tornar mais interessantes, mas, mesmo assim, os estrangeiros se mostram reticentes. Até com relação a aplicações no mercado financeiro, que são favorecidas pelos juros do país, a tendência é de cautela. Em julho, US$ 4,7 bilhões saíram de títulos de renda fixa, e outros US$ 390 milhões deixaram investimentos em ações. A mudança no câmbio, no entanto, ajudou a reduzir o rombo nas contas externas para US$ 44,09 bilhões nos sete primeiros meses, uma queda de 25% em relação ao ano passado. Para Maciel, a queda no ritmo de atividade também contribuiu para o resultado.
26/08/2015 - Fonte: Correio Braziliense - Edição Digital