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Aumento de crédito de banco público pode afetar ajuste da política de juros

São Paulo - O aumento do crédito via bancos públicos para determinados setores da economia com a cadeia automotiva pode não representar diretamente custos às contas públicas (ajuste fiscal), mas pode influenciar os efeitos da política monetária (ajuste nos juros).

Na visão de especialistas, o ortodoxo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, teve que fazer algumas concessões no conturbado ambiente político para conseguir aprovar na última quarta-feira no Senado, a proposta de reoneração da folha de pagamentos de 56 setores da economia.

Ao mesmo tempo, o governo federal por meio de bancos públicos - Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil - irá facilitar o financiamento da cadeia automotiva com uma injeção de recursos de até R$ 8,1 bilhões, sendo cerca de R$ 5 bilhões da Caixa e R$ 3,1 bilhões a serem concedidos pelo BB. "Essa medida não tem impacto no ajuste fiscal", defendeu-se Joaquim Levy, aos jornalistas, justificando taxas de mercado, ou seja, sem subsídios do Tesouro Nacional.

Mas na avaliação do professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais de Minas Gerais (Ibmec-MG), Eduardo Coutinho, a medida retomou uma prática criticada na gestão anterior, de Guido Mantega.

"O aumento do crédito por bancos públicos nesse momento é no mínimo contraditória a atual política monetária contracionista", diz.

A argumentação dele é compreensível, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou os juros básicos da economia para 14,25% ao ano, patamar que retira dinheiro do mercado para financiar a dívida pública federal e ao mesmo tempo para tentar levar a inflação para o centro da meta (4,5% ao ano) até o final do próximo ano.

Ao mesmo tempo, os bancos públicos seguem alimentando o crédito no mercado. Em doze meses até junho, o volume de crédito das instituições públicas cresceu 14,3%, enquanto os bancos privados nacionais mostraram avanço de 3,3%. "Espero que esse dinheiro dos bancos públicos não aumente o consumo", disse Coutinho. Ele sugere que se o governo precisa dar financiamento deveria conceder condições iguais para todos os setores, e não para segmentos específicos. "Essa política de incentivar determinados setores distorce o sistema, enquanto o restante do setor privado come capim", exemplificou.

Diante da "bondade" com o setor automotivo, outros segmentos estão buscando tratamento semelhante junto ao governo. No mercado espera-se financiamento diferenciado para o agronegócio, máquinas e equipamentos, e a cadeia de petróleo e gás.

Para o economista e professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, a medida do Ministério da Fazenda de aumentar o financiamento dos bancos públicos foi um contrassenso. "Confesso que até agora não consegui entender a sinalização da Fazenda. É um contrassenso. Talvez, o governo tenha optado por tentar dosar a recessão para que não seja uma retração tão intensa", disse.

Na opinião de Rochlin, o ajuste teria que ser feito mais nas contas do governo. "Tem que mostrar ao setor privado que o setor público é sustentável para restabelecer a confiança para investimentos e a retomada do crescimento".

Em linha semelhante, o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Silvio Paixão, ressaltou que o principal problema da economia brasileira são os gastos do governo. "O tamanho do Estado brasileiro não cabe mais no bolso da sociedade, o Estado é maior do que o país precisa".

Paixão diz que o ministro Joaquim Levy tem feito uma administração conjuntural da crise, mas ainda não consegue fazer um ajuste estrutural que diminua o tamanho da carga tributária. "Nesse ambiente de recessão, a carga tributária pode alcançar 40% do PIB [produto interno bruto]". Em resumo é como se a cada 10 reais produzidos pela sociedade, 4 fossem para custear o Estado.

"Estamos numa recessão, o ministro tem feito é administrar forças [políticas] para tentar encontrar uma forma de o País cursar o rio [da crise] e passar para o outro lado", disse o professor da Fipecafi.

Contraponto da Unicamp

Para o economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp, Claudio Dedecca, o ajuste na economia já foi feito e continua sendo realizado. "Não foi uma alteração brusca a do ministro Levy, a recessão já está aí, daqui para frente veremos um agravamento da crise econômica", identificou.

Segundo ele, o ministro da Fazenda e o governo estão trabalhando para evitar uma deterioração da situação social. "Se a coisa desandar, o impeachment baterá na porta, e a situação poderá ficar pior", diz.

Ernani Fagundes

21/08/2015 - Fonte:  DCI


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