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BC vê rápida queda do mercado de trabalho

O processo de distensão do mercado de trabalho está ocorrendo mais cedo do que o esperado pelo Banco Central, especialmente nos acordos sindicais e evolução dos salários. A ancoragem das expectativas de inflação do setor privado também tem sido mais rápida do que o previsto.

Essas são duas das variáveis que levaram o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a adotar um discurso mais favorável sobre as perspectivas da inflação nas últimas semanas, destacando mais os progressos alcançados até agora do que o que ainda resta a ser feito.

O BC já vinha colocando na rua o seu "forward guidance" para política monetária, sinalizando que o fim do atual ciclo de aperto monetário está mais perto do que longe. O tom mais positivo de Tombini, porém, levou o mercado futuro de juros a precificar uma chance ligeiramente maior que 50% de uma alta de apenas 0,25 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorre dentro de apenas duas semanas.

Sem mudanças na estratégia de política monetária

Para o BC, os dados mais recentes já dão segurança ao diagnóstico do Copom, que vinha sendo apresentado de forma muito cautelosa, de que o mercado de trabalho sofre uma correção acelerada, com impactos positivos sobre a dinâmica da inflação.

Restabeleceu-se, segundo essa visão, a relação entre a desaceleração da economia e o aumento de desemprego, a chamada Lei de Okun, que parecia ter se rompido nos últimos anos. Entre 2013 e 2014, a expansão da economia caiu abaixo do Produto Interno Bruto (PIB) potencial, mas o desemprego parecia absolutamente imune a isso.

Os economistas levantaram muitas teses para tentar explicar o rompimento da Lei de Okun. Entre elas, a de que, devido a mudanças demográficas e programas sociais, reduziu-se a oferta de mão de obra no mercado.

Neste ambiente, mesmo com a queda das receitas provocada pela recessão, empresas decidiram segurar seus escassos trabalhadores. Para isso, contaram com a ajuda de programas do governo que ofereciam subsídios para quem mantivesse a sua força de trabalho. E foram encorajados pela crença de que, em meio a tantas políticas anticíclicas do governo, a desaceleração seria curta. O quadro mudou completamente neste ano, com a revisão de programas sociais e cortes de subsídios a empresas que mantivessem os empregos.

Tudo isso já vinha sendo discutido pelos economistas privados. O que vem chamando a atenção do Banco Central agora é que o ajuste do mercado de trabalho está sendo mais forte do que o esperado. Uma das teorias que tentam explicar isso é que, depois de ter represado demissões nos últimos anos em meio a queda na receita, as empresas agora estão tendo que recuperar o tempo perdido e fazer um ajuste mais profundo.

Algo notável desse processo de correção do mercado de trabalho, para o BC, é que ele tem se concentrado não tanto na quantidade, mas sobretudo nos preços. A taxa de desemprego subiu um bocado, para 6,7% em maio, mas muitos economistas acreditavam que poderia ser ainda maior. O que está acontecendo com força é a moderação da alta dos salários, com perdas reais. Há perspectivas de queda nominal de salários em negociações sindicais, algo difícil de se imaginar numa economia com o grau de rigidez no mercado de trabalho como o Brasil.

A evolução do mercado de trabalho é benigna para a inflação, mas o seu equilíbrio de longo prazo depende de como vão se comportar as expectativas dos formadores de preço e salários. Nesse quesito, as primeiras indicações são encorajadoras. A ancoragem das expectativas de inflação do mercado tem ocorrido de forma mais acelerada do que o BC esperava. As expectativas para 2015 seguem piorando, mas há recuo nas projeções de anos seguintes, incluindo 2016. Ainda assim, o diagnóstico é que os ganhos ainda não são suficientes, conforme pontuou em discurso há alguns dias o diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira.

De forma geral, os analistas econômicos não veem com bons olhos uma possível desaceleração do ciclo de aperto monetário. Muitos deles já tem alguma familiaridade com a visão do BC de que o mercado de trabalho vem se desacelerado mais rápido do que o esperado. O BC teria levado o mercado a apostar numa alta de 0,5 ponto percentual da Selic, com o seu Relatório de Inflação de junho bastante duro. De lá para cá, argumentam esses economistas, não surgiram informações novas sobre um enfraquecimento adicional do mercado de trabalho.

Por isso, a aposta dominante entre eles segue em uma alta de 0,5 ponto percentual dos juros em julho. A média das expectativas colhidas no Focus para a Selic em julho, de 14,21% ao ano, indica que mais de 80% dos analistas acreditam numa alta de 0,5 ponto percentual.

Ao mesmo tempo que dá indicações de que há melhoras no horizonte inflacionário, porém, o BC tem mantido no seu discurso palavras-chave conservadoras, como "vigilância", "determinação" e "perseverança". E também vem reafirmando que sua estratégia de política monetária não mudou um centímetro.

Primeiro, o Banco Central vai subir os juros para maximizar as chances de que a inflação chegue em 4,5% ao final de 2016. E tem lembrado que, ao executar essa tarefa, como em todo regime de metas de inflação, há uma dose de julgamento conservador.

Portanto, o quanto os juros devem subir agora em julho e nas reuniões seguintes depende das projeções de inflação do Banco Central para o fim do ano que vem, que neste momento são desconhecidas.

Os membros do Copom seguem também firmes na convicção de que qualquer especulação sobre uma eventual acomodação monetária deverá ser amparada na plena ancoragem das expectativas de inflação em todos os prazos.

Resta quase um ano e meio até o final de 2016, data que o BC promete cumprir a meta de inflação, um período bem longo. No fim das contas, o enfraquecimento do mercado de trabalho só levará à baixa efetiva da inflação se a política monetária se mantiver crível.

Fonte:  Valor Online - Quarta feira, 15 de julho de 2015.


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