A alta da inflação e o desemprego estão levando os brasileiros a rasparem o que podem na caderneta de poupança para complementar o orçamento doméstico. Com isso, a mais tradicional modalidade de investimentos do país registrou saques líquidos (descontados os depósitos) de R$ 6,26 bilhões em junho. No acumulado do primeiro semestre do ano, foram resgatados R$ 38,54 bilhões, o pior resultado para o período em 20 anos. 

Na avaliação de especialistas, não há perspectivas de recuperação tão cedo para a caderneta. Além de o poder de compra das famílias continuar combalido a inflação deste ano deve encostar nos 10% e o desemprego, disparar , os investidores mais conscientes estão migrando para outras aplicações, que pagam rendimentos maiores. Entre janeiro e junho, a poupança rendeu 3,70%, tomando uma sova da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), de 6,28%. 

Para o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a caderneta só voltará a ser um bom negócio quando a inflação cair e a economia voltar a crescer, o que não ocorrerá antes do fim de 2016. Neste momento, portanto, aqueles que ainda conseguem chegar ao fim do mês com sobras no caixa podem optar por direcionar os recurso para fundos de renda fixa, títulos públicos e certificados de depósitos bancários (CDBs). 

A grande preocupação do governo é que, com os depósitos na poupança minguando, haverá menos recursos para a caixa própria.

Fonte:  Correio Braziliense - Edição Digital - Terça feira, 07 de julho de 2015.