O dólar encerrou ontem em alta em relação ao real, reagindo ao movimento de aversão a risco no exterior. A reunião dos ministros de Finanças da zona do euro, o Eurogrupo, terminou sem um acordo em relação à liberação do pagamento das parcelas do plano de resgate para a Grécia. Além disso, a queda menor que a esperada do Produto Interno Bruto (PIB) nos Estados Unidos contribuiu para sustentar da moeda americana. O dólar comercial subiu 0,75% encerrando a R$ 3,1010. A despeito do relatório trimestral de inflação (RTI), divulgado ontem pelo Banco Central, sinalizar a continuidade do ciclo de aperto monetário, o mercado de câmbio local reagiu colado ao desempenho no exterior. Lá fora, o impasse nas negociações do Eurogrupo com a Grécia aumentaram a preocupação em relação a um possível calote do governo, o que poderia levar à saída do país da zona do euro. Além disso, dados do PIB dos Estados Unidos endossaram a visão de alguns membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) de que o banco central americano deve elevar a taxa básica de juros nos Estados Unidos ainda neste ano. Tal leitura reforçou a demanda por dólares. A economia americana teve contração de 0,2% no primeiro trimestre, inferior à estimativa anterior, que apontou recuo de 0,7%, e em linha com a expectativa do mercado, em meio à força do consumo privado. O cenário de incerteza no exterior e notícias negativas no mercado doméstico têm contribuído para que se materialize um fluxo negativo em junho. O BC divulgou que houve uma saída líquida de US$ 2,281 bilhões na semana passada, encerrada em 19 de junho, resultado de um saldo negativo de US$ 2,816 bilhões na conta financeira e de uma entrada líquida de US$ 535 milhões na conta comercial. No mês, o fluxo cambial está negativo em US$ 2,929 bilhões, acumulando entrada líquida de US$ 12,865 bilhões no ano. As incertezas em relação à implementação das medidas de ajuste fiscal e a queda esperada da arrecadação com o arrefecimento da economia alimentam a expectativa de que o governo reduza a meta de superávit primário para este ano. Hoje o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reúne com economistas e representantes da indústria, construção e comércio para avaliar os diagnósticos e sugestões para a economia.
Fonte: Valor Online - Quinta feira, 25 de junho de 2015.