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Índice que reajusta salário sobe mais que IPCA e atrapalha BC

Nos últimos 10 anos, 94% dos acordos salariais fechados no país garantiram aos trabalhadores, pelo menos, a correção anual pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Nos últimos 12 meses, a inflação coletada por esse indicador já está em 8,76% e passou de 10% em três capitais. Essa trajetória sugere que ele pode chegar a 9% no fim do ano, percentual que vai reajustar o salário mínimo de 2016. Assim, em um ano no qual o Banco Central pretende fazer a inflação oficial convergir para 4,5%, apenas a reposição da inflação pode ser suficiente para complicar os planos da autoridade monetária. Até 2003, entre um terço e metade dos acordos salariais feitos pelos sindicatos não garantiam a reposição da inflação. Mesmo nos anos de inflação baixa, essa foi a regra. Desde 2004, quando a política de conceder aumentos reais ao salário mínimo foi acompanhada pela recuperação da economia (e mais tarde pela forte redução do desemprego), a imensa maioria das negociações salariais passou a corrigir os rendimentos pela inflação passada e mais da metade passou a pagar também um aumento real. A expectativa é de um cenário mais difícil para as negociações em 2015 e início de 2016. Mesmo se parte da inflação não for reposta, o "degrau" desinflacionário entre 2015 e 2016 - que pode ficar entre 3 e 4 pontos percentuais, considerando as expectativas da autoridade monetária - fará com que parte dos trabalhadores chegue ao próximo ano com um ganho real de salários expressivo quando a perspectiva passa a ser a inflação futura. Os trabalhadores não aceitam essa lógica, mas é ela que age sobre a expectativa de inflação, um componente que muitos economistas consideram fundamental na trajetória da inflação. Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), diz que as negociações salariais serão mais adversas neste ano e os reajustes tendem a ser mais parecidos com a realidade pré-2003, quando uma parcela maior dos acordos não repunha a inflação integralmente. Ao mesmo tempo, diz, a correção do salário mínimo pelo INPC pressiona os pisos salariais das categorias cujo valor já é próximo da referência nacional. Isso é uma realidade nos Estados do Norte e Nordeste e em categorias do setor de serviços como limpeza e alimentação, áreas que usam profissionais de menor qualificação. Para Ganz Lucio, em momentos como o atual, o movimento sindical tende a dar prioridade à defesa do emprego, embora isso não seja sinônimo de aceitar perda salarial. Ele pondera que alguns sindicatos já começaram a fazer acordos por empresa negociando redução simultânea de jornada e de salários. O economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, considera que esse momento de mudança de patamar da inflação será uma "travessia difícil" e as negociações salariais são a parte mais complicada da indexação ainda presente na economia brasileira. Depois do alto INPC de maio - que subiu 0,99% - ele estima que a média das projeções do mercado vão apontar para um aumento de 9% nesse ano e de 5,4% no próximo ano, considerando o que já estava embutido no boletim Focus. Os salários que forem corrigidos pela inflação passada no começo de 2016 (o mínimo entre eles) ganharão cerca de 3% real até o fim de 2016, argumenta Montero. A lógica da indexação, diz, é que ela tira poder de compra dos salários quando a inflação sobe, mas quando ela cai, há ganho real no poder de compra. Se todos os preços se recuperam, não há o rearranjo necessário para que os custos caiam, continua ele. "É desagradável dizer isso, mas em uma situação de ajuste é preciso haver perdedores e a inflação é uma forma de realocar perdas", diz Montero. O ideal, continua, é que o ajuste fosse feito em custeio da máquina pública, juros e outros preços e que a produtividade subisse para garantir ganho renda aos assalariados, mas no curto prazo esse não é o cenário. "Não estou dizendo que os salários estão altos ou não, mas o aumento acima da produtividade nos últimos anos os tornou um problema de custo a ser ajustado", acrescenta. No campo nas negociações salariais, o aumento do funcionalismo será uma "prova de fogo" para o governo, diz Montero. O último acordo foi negociado em 2012 e previu 15,8% ao longo de três anos. Essa negociação foi feita, lembra o economista, no único momento do mandato de Dilma Rousseff em que a inflação em 12 meses estava abaixo de 5%. esse quadro criou a expectativa positiva de inflação menor a frente, o que possibilitou um acordo que ficou a baixo da inflação ao longo dos três anos, mas ajudou a manter as despesas com pessoal estáveis. O quadro agora é completamente diferente. Por isso, diz Montero, a expectativa de inflação é um elemento fundamental das negociações futuras, entre elas a do funcionalismo. É preciso convencer que 9% de inflação é passado e que o futuro será bem mais comportado. "É mais difícil negociar 5% para a frente quando a inflação está em 9%", acrescenta. Ganz Lucio, do Dieese, diz que essa não é a lógica do movimento sindical (olhar para a inflação futura). Olhar para a frente, diz ele, seria uma guinada importante, mas não poderia valer apenas para os salários, e teria que envolver diferentes contratos da economia, inclusive algumas tarifas públicas. "Ela pressupõe aceitar uma perda e transitar para outro modelo", argumenta ele, mas isso não pode valer só para salários, reforça.

Fonte:  Valor Online - Segunda feira, 15 de junho de 2015.


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