O maior banco em concessão de crédito imobiliário no país diminuiu o limite de financiamento para compra de imóveis usados. A Caixa Econômica Federal afirmou ainda que pretende estimular operações do programa Minha Casa, Minha Vida através das medidas. Especialistas afirmam que o cenário modifica a forma de aquisição desse tipo de imóvel e que o limite menor de crédito pode impulsionar as locações.
Novas medidas da Caixa podem adiar o sonho da casa própria. Isso porque, a partir da próxima semana, o limite de financiamento para imóveis usados, através do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, passará de 80% para 50% do valor total do imóvel em operações do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e de 70% para 40% no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), no Sistema de Amortização Constante (SAC).
A partir das mudanças, o consumidor que comprar imóvel usado pelo Sistema Financeiro de Habitação, que atualmente precisa de uma entrada mínima de 20%, terá de dar uma entrada de 50% e só poderá financiar a outra metade. Já o comprador que hoje pode dar uma entrada mínima de 30%, terá que pagar pelo menos 60% do valor do imóvel, financiando com a Caixa apenas 40% do valor.
A Caixa Econômica Federal já confirmou que reduzirá o limite de financiamento para imóveis usados a partir do dia 4 de maio. Segundo o banco, que é o principal responsável por financiamento de imóveis no país, o foco em 2015 será o financiamento de imóveis novos, principalmente para habitações populares, através do programa Minha Casa, Minha Vida e recursos do FGTS.
A medida pode impactar no número de vendas de imóveis, pois o crédito é diretamente proporcional às vendas, afirma o presidente da ADEMI-Niterói, Jean Pierre Biot.
Os números revelam que as vendas aumentaram quando o valor do crédito aumentou também. Com o valor do crédito rebaixado, certamente vai impactar mais uma vez na venda, porém ainda não podemos medir qual será o tamanho da queda. Mas vale lembrar que essa medida se aplica somente para os imóveis usados. Para os novos, o crédito ainda continua o mesmo, ressalta Jean Pierre.
Juros Em janeiro deste ano, a caixa anunciou o aumento das taxas do crédito habitacional em função das elevações na Selic, quando o Banco Central retomou o ciclo de altas da taxa básica. E no início da segunda quinzena de abril o banco voltou a elevar novamente os juros de financiamentos habitacionais contratados com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que financia imóveis até R$ 750 mil.
Os juros anuais subiram 0,3 ponto percentual. Com o reajuste, passaram de 9,15% para 9,45% ao ano para quem não tem conta na Caixa, e de 9% para 9,3% ao ano para correntistas. Para servidores ou os que recebem o salário pelo banco, os juros passam de 8,7% para 9%.
De acordo com a Caixa, os juros e as condições para financiamentos com recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não sofreram alteração.
A medida vai impactar o mercado e as pessoas vão pensar duas vezes antes de comprar um imóvel. Ao mesmo tempo, o mercado de locação ficará muito aquecido. Quem estava economizando para comprar a casa própria poderá migrar para o aluguel por causa dessa dificuldade de financiamento. Comprar imóvel é uma decisão importante que requer cautela; já a locação é uma necessidade urgente, analisa o especialista em administração de imóveis, Edison Parente.
Apesar da redução do teto para financiamento de imóveis usados, a Caixa ainda é a opção mais vantajosa do mercado, com valor final de compra menor se comparado com outros bancos. Atualmente, o valor dos imóveis financiados pelo banco podem representar até mais de trinta por cento de economia, justamente em função dos juros cobrados em outras instituições financeiras.
A Caixa nos pegou desprevenidos, foi uma grande surpresa, inclusive tínhamos processos em andamento, com engenharia marcada, em que eles não cumpriram com o que foi acordado anteriormente, financiar até 80%. Até para os processos que já tinham sido avaliados pela instituição, eles aplicaram a nova regra. Como resultado, retiramos todos os processos de financiamento da Caixa e enviamos para outro órgão financeiro. Acredito que para um banco do governo agir desta forma contribui para criar entre os brasileiros um maior descrédito em relação às instituições governamentais, declara a diretora da Abidon Nazareth Imóveis, Claudia Nazareth.
Para Fabson Cabral, diretor Comercial da Brasil Brokers Niterói, as empresas devem procurar os demais agentes financeiros que operam no mercado para se informarem sobre percentual de financiamento e taxas. Segundo ele, essa medida irá impactar momentaneamente, mas nada que abale o mercado a ponto de não se fechar negócios.
As vendas com financiamentos bancários não representam a maioria das nossas vendas de imóveis prontos. O mercado imobiliário de Niterói não deve parar e oscilações nas vendas ocorrem como em qualquer outro segmento econômico. A demanda por moradia existe. Todos os dias vemos pessoas casando, separando, formando filhos ou querendo trazer os pais para morarem mais perto de suas residências, por exemplo, ressalta o diretor.
Feirão Já de acordo com as novas diretrizes da Caixa, nos dias 23 e 24 de maio acontece em Niterói 11º Feirão Caixa da Casa Própria, que nesta edição terá justamente como foco o financiamento de habitação popular, através do Programa Minha Casa, Minha Vida e operações com recursos do FGTS. O evento acontecerá no Clube Canto do Rio, que fica na Rua Visconde do Rio Branco, 701 - Centro. O horário de atendimento é das 10h às 18h no sábado e das 09h às 16h no domingo.
Para requerer o crédito para casa própria no Feirão, basta levar documento de identidade, CPF e comprovante de renda. Os interessados também podem obter informações em todas as agências da Caixa e pelo Serviço de Atendimento ao Cliente do banco, no telefone 0800 726 0101, disponível 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana.
Fonte: O Fluminense - Domingo, 03 de maio de 2015.
