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Em meio à liquidez, analistas não recomendam apostas no real

A perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) adie o aumento dos juros básicos para o segundo semestre começa a incentivar a retomada das estratégias globais de "carry trade", que buscam ganhar com a arbitragem das taxas de juros entre diferentes países. Com o real, no entanto, essas operações seguem tímidas. Apesar do retorno atrativo oferecido pelos juros brasileiros, investidores ainda estão cautelosos em assumir uma posição comprada na moeda do país dado o cenário político incerto e dúvidas sobre a implementação do ajuste fiscal. A recuperação do real em abril, que sobe 5,5% frente ao dólar, reflete a menor aversão a risco no exterior e um cenário menos pessimista em relação à economia doméstica, o que permitiu o ingresso de recursos de curto prazo, atraídos por elevados rendimentos no mercado de renda fixa local. No entanto, esse movimento ainda não sugere melhora consistente na perspectiva para o câmbio. Instituições como Bank of America Merrill Lynch, Brown Brothers Harriman (BBH), UBS e J.P. Morgan estão com posição "neutra" para o real. O anúncio de que a Petrobras divulgará o balanço auditado de 2014 nesta quarta-feira e o fato de a Standard & Poors e a Fitch Ratings não terem rebaixado a nota de crédito soberano ajudaram a melhorar a percepção de risco em relação ao Brasil, levando o dólar a recuar da máxima do ano de R$ 3,2941, em 19 de março, para R$ 3,0243. Nesse cenário, o J.P. Morgan alterou a recomendação para o real de "underweight" (abaixo da média do mercado) para neutro. "Nos últimos meses estávamos underweight no real dadas as probabilidades de que o mercado poderia focar no risco de a Petrobras precisar de um apoio soberano. Mudamos a recomendação para na média do mercado dado que o balanço auditado será divulgado e também frente ao pesado posicionamento vendido em real, além de uma situação mais difícil para o dólar à luz dos dados decepcionantes dos EUA e uma mudança da retórica do Fed", destaca o banco em relatório. Para o J.P., uma taxa abaixo de R$ 3 por dólar já valeria posição vendida no real (aposta na queda), uma vez que estaria muito longe do valor justo considerado pelo banco, de R$ 3,21. Apesar da alta taxa de retorno oferecida pela operação de "carry trade" com o real, principalmente diante da expectativa de continuidade do ciclo de aperto monetário no Brasil, a volatilidade da moeda e a percepção de que o governo está confortável com o câmbio desvalorizado para ajudar no ajuste das contas externas diminuem a atratividade dessa estratégia. A taxa média de retorno implícita nos contratos a termo de moedas (NDF, non-deliverable forwards) de três meses, contratos negociados no exterior e que permitem ao investidor aplicar em ativos lastreados em reais, está em 12,8%, só perdendo para o rublo, cuja taxa de retorno está em 14,75%. Apesar disso, o estrategista-chefe para mercados emergentes do BBH, Ilan Solot, prefere investir em moedas que oferecem taxas de retorno menores, como a rupia da Índia (6,9%) e a da Indonésia (9,4%), mas que têm volatilidade mais baixa, de 6,84% e 11,07% respectivamente, e cujos países têm apresentado uma melhora dos fundamentos econômicos. De acordo com dados mais recentes da BM&FBovespa, a volatilidade implícita do real estava em 18,16% ao ano em 16 de abril. Na prática, isso sugere que o mercado considera para os próximos três meses o risco de uma oscilação dessa magnitude em termos anualizados para o dólar, o que poderia anular o retorno de 12,75% oferecido por ativos balizados pela Selic. O diretor de mercados emergentes e estratégia do Citi em Londres, Luis Costa, ainda lembra que a estratégia de carry trade tem performance melhor em momentos de crescimento econômico, com a perspectiva de apreciação das moedas no médio e longo prazos, o que não é o caso do Brasil. Costa vê a recuperação da moeda brasileira como uma correção de curto prazo e destaca que ainda há muitas incertezas no cenário doméstico. Além disso, o banco mantém uma visão positiva para o dólar diante das políticas monetárias divergentes entre EUA e Europa, prevendo que o Fed inicie a normalização da taxa de juros em setembro. No caso do real, há também o receio de que uma valorização adicional da moeda brasileira leve o Banco Central a reduzir o volume de rolagem dos contratos de swap cambial que estão vencendo. "Se o dólar cair abaixo de R$ 3, o BC pode reduzir a rolagem", diz Costa, do Citi. Em março o BC encerrou o programa de venda diária de swaps cambiais e se comprometeu a rolar todo o estoque de US$ 112,825 bilhões nesses contratos. O que também limita uma valorização adicional do real é o fato de que muitos analistas consideram que a atual taxa de câmbio está mais próxima do nível de equilíbrio, necessário para ajustar o déficit em conta corrente. "Vemos o real mais fraco como parte do ajuste econômico, o que é necessário para recuperar a competitividade perdida do país", avalia Viktor Szabo, gestor sênior de investimentos da Aberdeen Asset Management. Nesse cenário, o UBS não vê a aposta no real como estratégia interessante dado o atual nível da taxa de câmbio. "Incertezas no mercado local trazem um risco significativo para o câmbio neste momento", diz Geoffrey Dennis, estrategista de mercados emergentes do UBS, que também mantém posição "neutra" para a moeda brasileira. O BofA Merrill Lynch também está com recomendação "neutra" para o real. "A taxa de câmbio está se aproximando de seu valor de equilíbrio, mas não podemos descartar a possibilidade de ultrapassá-lo dados os riscos de inflação, crescimento, fiscal e político", aponta o banco em relatório, prevendo o dólar a R$ 3,40 ao fim de 2015. Costa, do Citi, lembra que uma postergação do aumento dos juros nos EUA para dezembro ou mesmo para 2016 pode provocar novo rali das moedas emergentes, o que beneficiaria o real. O impacto da normalização da política monetária do Fed vai depender do comportamento da curva de juros dos títulos do Tesouro americano (Treasuries). "Se a normalização for bem sinalizada e sem surpresas, e a parte mais longa da curva de juros dos Treasuries permanecer bem ancorada em níveis baixos, o risco de um sell-off [venda generalizada de ativos] é menor", diz Szabo, da Aberdeen. O estrategista do UBS acredita que a possibilidade de nova turbulência de moedas emergentes em função da alta de juros nos EUA é menor, mas destaca que divisas como real, rublo, rand sul-africano e lira turca devem ser as mais vulneráveis em um cenário de menor liquidez. O diretor do Citi ainda cita outros riscos no cenário externo, como uma desaceleração mais forte da China, que pode acentuar a queda dos preços de commodities, e o impasse no acordo da Grécia com credores, como fatores de pressão de alta do dólar.

Fonte:  Valor Online - Quarta feira, 22 de abril de 2015.


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