Com uma tarifa de pedágio 36,8% menor do que a praticada atualmente, a EcoRodovias venceu o leilão da Ponte Rio-Niterói nesta quarta (18) e será a concessionária da via durante os próximos 30 anos.
Para vencer cinco concorrentes, a companhia ofereceu a tarifa de R$ 3,284, um desconto de 36,67% ante o teto estipulado para o leilão.
A partir de 1 de junho, quando a EcoRodovias assume a ponte, o motorista pagara R$ 3,70 para atravessar os 13,5 quilômetros da via valor já corrigido pelo IPCA.
A companhia terá de investir R$ 1,3 bilhão em obras de acesso para melhorar o trafego. A taxa interna de retorno real, considerando a tarifa teto, era de 7,2%.

Atual concessionária da ponte, a CCR apresentou a proposta menos competitiva com a tarifa de R$ 4,242, um deságio de 18%. A diferença entre as propostas do vencedor e a da CCR surpreendeu. Como a empresa administra a ponte ha mais de 20 anos, possuía mais informações sobre o projeto em comparação com os concorrentes.
Segundo a Folha apurou, a CCR considerou que a equação entre os investimentos, a estimativa de receita e as condições de financiamento menos atrativas não permitia uma tarifa menor.
Por já estar em operação, a concessão não teve empréstimo pré-aprovado do BNDES.
A CCR, que tem como acionistas os grupos Camargo Correa e Andrade Gutierrez, citados na operação Lava Jato, informou em nota que sua proposta "levou em consideração a disciplina de capital (...) que tem norteado toda a trajetória da companhia".
O presidente da EcoRodovias, Marcelino Rafart Seras, disse estar "confortável" com a tarifa. As obras serão bancadas pelo caixa da empresa, que, a partir do terceiro ano, buscara financiamento.
Para ele, o desaquecimento da construção civil favorecera o orçamento das obras. Com o pedágio mais barato, a empresa também espera aumento do fluxo de veículos.
As ações da EcoRodovias caíram 3,7% nesta quarta na BM&FBovespa. Os papeis da CCR subiram 4,8%.
Segundo o analista Gabriel de Gaetano, da Besi Brasil Securities, com a tarifa de pedágio oferecida a taxa de retorno da EcoRodovias ficara próxima a 5%, considerada insatisfatória por investidores. "Esperava-se mais racionalidade nesse leilão", afirma.
OTIMISMO
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, comemorou o resultado. "O Brasil tem vários agentes dispostos a investir. Vamos trabalhar para que os leiloes estejam no dia a dia da economia", disse.
Ele afirmou que o governo prepara novas concessões em rodovias, ferrovias e aeroportos. As mais adiantadas são as concessões de quatro vias. Entre elas, trechos da BR-163 entre Sinop (MT) e Miritituba (PA) e da BR-364, de Rondonópolis (MT) a Jataí (GO).
O sócio da área de infraestrutura do escritório LO Baptista Advogados, Fernando Marcondes, concorda que a competição pela ponte foi um bom sinal para o governo. "Uma concessão e um negocio de longo prazo. Os agentes olham o que vai acontecer adiante", afirma.
A ponte, no entanto, e um caso específico por ser a primeira concessão de transporte a ser relicitada. Os cálculos do preço do pedágio são mais simples e os riscos, menores. Além disso, a concessionária tem receita garantida a partir do primeiro dia.
Fonte: Folha de S. Paulo Online - Quinta feira, 19 de março de 2015.