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Impacto do dólar ameaça lucro

A disparada do dólar terá forte impacto sobre os balanços das empresas brasileiras no primeiro trimestre. As demonstrações contábeis devem refletir pela primeira vez em mais de dez anos um dólar acima de R$ 3, que será usado para converter as dívidas lastreadas na moeda americana. A instabilidade cambial não veio desacompanhada. Além do impacto contábil nas dívidas, que é pontual, os executivos enfrentam algo mais preocupante e sem hora certa para acabar: uma mistura de aperto fiscal, desaquecimento econômico e crise institucional (ver Desaceleração econômica agrava efeito cambial ). Um levantamento feito pelo Centro de Estudos do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Cemec) mostrou que as empresas não financeiras de capital aberto tinham aproximadamente US$ 190 bilhões em dívida ao fim do terceiro trimestre de 2014. Desse grupo, apenas as 12 maiores companhias concentravam 86% do total, ou US$ 162 bilhões. Ao fim de setembro, o dólar já começava a preocupar, na casa dos R$ 2,45. Entre 30 de setembro e o fim de 2014, o dólar valorizou mais de 8%, para R$ 2,65. Na sexta-feira, o dólar Ptax, usado na conversão da dívida no balanço, fechou em R$ 3,22. Nas demonstrações trimestrais, a despesa financeira é atualizada com o câmbio a data do fechamento do trimestre. "Com isso, pode haver um aumento da dívida, e isso é transferido para o resultado [na conta de despesas financeiras]", explica Marco Barbosa, vice-presidente da Apimec de São Paulo, a associação dos analistas de investimento. A Petrobras tinha, no terceiro trimestre - último balanço disponível da companhia -, o maior endividamento em dólar. Sua dívida, considerando apenas empréstimos e financiamentos, somava US$ 91 bilhões. Das empresas que já publicaram os resultados do quarto trimestre, as maiores dívidas atreladas a moedas estrangeiras ao fim de dezembro pertenciam a Vale, Braskem, Fibria, BRF e Suzano. Os efeitos da valorização do dólar variam dependendo das medidas adotadas pelas companhias para se proteger. Várias empresas adotaram proteções como o hedge cambial e a contabilidade de hedge, usada pela Petrobras e pela Braskem desde 2013. Na semana passada, foi a vez da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informar que adotara a contabilidade de hedge nos três últimos meses de 2014. Com a mudança, a variação do dólar passou a ser registrada como passivo no patrimônio líquido da siderúrgica, sem efeito na demonstração de resultado. A Vale não faz proteção cambial e deve sofrer novo baque. No quarto trimestre, a mineradora teve resultado financeiro líquido negativo em R$ 7,16 bilhões. Desse total, R$ 3,23 bilhões foram perdas de variações monetárias e cambiais e R$ 2,82 bilhões foram perdas com derivativos. Na outra ponta, a empresa ganha porque exporta a maior parte da produção. Seu problema é que a cotação do minério de ferro está nos níveis mais baixos dos últimos cinco anos. As exportadoras têm o que se costuma chamar de hedge "natural", já que vendem em dólar. Barbosa, porém, lembra que em geral as empresas exportadoras têm dívida em dólar para "casar" o fluxo de pagamento ao fluxo de recebimento. A dívida em dólar é ajustada com a cotação do último dia do trimestre. A receita na moeda estrangeira, porém, utiliza o câmbio médio, fazendo com que o benefício da alta do dólar tenha efeito no balanço ao longo do tempo, diz. Nos casos de Fibria e Suzano, embora os efeitos do câmbio aumentem a dívida, os benefícios da receita com exportação compensam essas perdas, diz Jonathan Brandt, analista sênior do HSBC. Para cada 1% de apreciação do dólar ante o real, há um efeito positivo de 2% no ganho operacional (Ebitda) dessas empresas. Além do câmbio e da desaceleração da economia, as quedas nos preços internacionais das commodities também preocupam. É o caso Vale, em que a valorização do dólar apenas minimiza as perdas com a queda do preço do minério de ferro. A Petrobras, favorecida com a venda de combustíveis no Brasil a um preço mais elevado que o do mercado internacional, devido à queda do petróleo, perdeu grande parte dessa vantagem com a alta do dólar. A pior situação está acontecendo no caso de empresas com receita em real e estrutura de custo em dólares, como importadoras. Nesse cenário, elas não conseguem repassar os custos do câmbio aos preços, "sacrificando a margem", afirma Barbosa. Segundo ele, hoje em dia, dificilmente as empresas têm "descasamento" entre os fluxos de pagamento e de recebimento, devido aos problemas sofridos no passado. As companhias de energia, por exemplo, quando foram privatizadas, buscaram captações externas para investir no Brasil, na época em que o real tinha paridade com o dólar. Quando houve a maxidesvalorização, em 1999, elas não conseguiram repassar os custos para os consumidores, por ser um mercado regulado, e o governo precisou ajudar. Essa dívida dolarizada das empresas não financeiras de capital aberto está concentrada em um grupo pequeno de grandes companhias, explica Carlos Rocca, diretor do Cemec. O levantamento do Cemec mostra que as dívidas de Petrobras e Vale juntas, ao fim de setembro, representavam 68,3% da dívida total das empresas abertas não financeiras. Um grupo formado por Oi, JBS, BRF, Gerdau, Eletrobras, CSN, Braskem, Suzano e Fibria somava outros US$ 50 bilhões. Segundo Rocca, "qualquer empresa desse tamanho tem uma gestão sofisticada e tem ativos no exterior para se proteger. Quem não tem pode fazer um swap, trocar compromissos em dólar em dívida em reais. Todas essas ferramentas são usadas".

Fonte:  Valor Online - Segunda feira, 16 de março de 2015.


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