Aflitos, moradores de Volta Redonda não têm para onde ir
Catharina Wrede
Dicler de Mello e Souza
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) vai anunciar hoje o valor exato da multa administrativa - que pode chegar a R$ 50 milhões - a ser aplicada à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) por ter doado a funcionários um terreno de dez mil metros quadrados, em Volta Redonda, contaminado por substâncias químicas cancerígenas. A CSN, no entanto, poderá ter que pagar muito mais: a Justiça deve determinar uma nova multa, com base em outros aspectos do caso, como indenizações aos moradores. O montante ficará ainda maior com o custo da descontaminação do solo e do lençol freático exigida pelo Inea.
- Seguramente, a quantia vai ser cinco ou seis vezes maior do que o valor da multa administrativa. Só o custo da descontaminação já ultrapassa os R$ 50 milhões - sublinha o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc. - Fora isso, as indenizações que a empresa vai ter que pagar não entra na multa da lei estadual, e sim na da lei federal nº 9.605, referente a crimes ambientais. Essa lei possibilita ainda um mandado de prisão, que, se a Justiça deliberar, pode chegar a uma pena de até seis anos.
Além da multa administrativa, o Inea também vai solicitar ao município exames médicos dos moradores da região, além de reforçar, através do Ministério Público (MP), o pedido de remoção das famílias em caráter de urgência.
No bairro de Volta Grande IV, o clima ontem era de preocupação. Moradores alegavam que ficaram sabendo da possível desocupação pela imprensa e que nenhuma autoridade entrou em contato com eles.
- Não temos para onde ir, e ninguém nos procurou - disse o morador Severino Feliciano da Silva, de 59 anos.
Ele mora com mulher, filhos e um neto de 3 anos, que foi submetido, recentemente, a uma cirurgia na garganta por conta de problemas respiratórios devido à contaminação por produtos químicos no local.
Fonte: O Globo - 08/04/2013