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A CULPA NÃO É DO TOMATE

 

Autor(es): Vicente Nunes  (Editor de Economia)

A inflação acumulada em 12 meses, em março, deverá estourar o teto da meta, de 6,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), fato que não ocorre desde novembro de 2011

indica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dará uma péssima notícia ao país. A inflação acumulada em 12 meses deverá estourar o teto da meta, de 6,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), fato que não ocorre desde novembro de 2011, primeiro ano de mandato da presidente Dilma Rousseff, quando o indicador cravou alta de 6,64%.

Será mais um fato ruim a ser incorporado aos feitos do atual governo na área econômica. Para quem não se recorda de imediato de indicadores dos quais não há nada a comemorar — muito pelo contrário —, vale a pena prestar atenção no levantamento feito pelo repórter Victor Martins a pedido da coluna. 1) O deficit da balança comercial no primeiro trimestre de 2013, de US$ 5,1 bilhões, foi o pior para o período em todos os tempos. 2) Neste ano, pela primeira vez, desde 2001, o volume de investimento estrangeiro direto (IED) não será suficiente para cobrir o rombo nas contas externas, projetado em US$ 68 bilhões pelo Banco Central, com o país voltando a ficar dependente de capital especulativo.

A lista segue. 3) O crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois primeiros anos do governo Dilma, de 1,8%, foi o menor desde a administração Collor de Mello. 4) O Ibovespa, índice da Bolsa de Valores de São Paulo usado como termômetro para medir o humor dos investidores em relação ao país, computou queda de 7,55% nos três primeiros meses de 2013, resultado sem precedentes em 17 anos. Junte-se a isso o fato de a confiança dos consumidores estar em queda há sete meses seguidos e de a taxa de investimentos em relação ao PIB se manter abaixo de 18%, quando o ideal seria algo entre 22% e 25% para sustentar um crescimento econômico com inflação sob controle.

O governo já preparou o discurso para o indesejado resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ainda que o teto da meta não seja rompido, a justificativa para a inflação persistente será a de que o resultado está contaminado pela disparada dos preços dos hortifrútis, puxado pelo vilão da hora, o tomate. O mais importante, segundo o governo, é que o IPCA estará caindo mês a mês, mesmo com choques recentes como o dos alimentos, que andam tirando o sono das famílias. Na sexta-feira passada, por sinal, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já antecipou a postura governamental. “Em janeiro, a inflação foi de 0,86%. Em fevereiro, ficou em 0,60%. Em março, ao que tudo indica, foi menor”, frisou.

Não se pode esquecer, porém, que a inflação deste ano está sofrendo forte interferência do governo. Em janeiro, deveria ter havido reajuste dos ônibus urbanos em São Paulo, mas, a pedido da Fazenda, o prefeito Fernando Haddad adiou o aumento para junho. Em fevereiro, houve o impacto da redução da conta de luz — não fosse isso, o índice final teria superado 1%. No mês passado, o governo desonerou a cesta básica para compensar correções de preços que estão disseminadas pela economia. Ou seja, a inflação, que já está alta, seria maior ainda.
 
Leniência perigosa
Na avaliação da equipe econômica, é preciso acalmar os ânimos. Em relação à inflação de março, os técnicos dizem que houve a chamada “tempestade perfeita” no caso dos hortifrútis. Choveu muito onde não deveria e houve estiagem nos locais em que se esperava mais a ajuda de São Pedro. O problema, dizem eles, foi geral, não apenas na lavoura de tomate, cujo quilo chegou a R$ 14 no Rio de Janeiro. De qualquer forma, frutas e legumes serão determinantes para o estouro do teto da meta de inflação e, pior, para difundir a ideia de que o governo está menosprezando um mal que atormentou gerações e impôs ao Brasil duas décadas de estagnação econômica.

Apesar de todas as justificativas do governo e de a presidente Dilma, do alto de seus 80% de aprovação pessoal, insistir que não há leniência com a inflação, as reclamações nas ruas com a carestia subiram de tom. O tomate passou a ser o símbolo dos reajustes exagerados e motivou críticas que há tempos não se via entre as famílias que, semanalmente, vão aos supermercados. Os salários aumentaram bastante nos últimos anos. Mas nunca foi tão caro viver no Brasil.

Produtor desestimulado
Voltando ao tomate, é importante destacar que, por falta de incentivos, a área plantada do fruto encolheu 16% desde 2010. Em Goiás, maior produtor, as lavouras desse item ficaram 41% menores. Os agricultores alegam que ficaram sem estímulos para o cultivo. Em 2011, a caixa de 20 quilos era negociada a R$ 10. A esse valor, vários produtores sequer conseguiram cobrir os gastos com o plantio. No prejuízo, muitos acabaram migrando para outras lavouras, como a de morango.

Agora, com os problemas climáticos — seca na hora do plantio e excesso de chuvas próximo da colheita, tudo que o tomate não suporta —, ficou evidente a menor oferta do produto. Os agricultores criticam o governo pela ausência de uma política de preços mínimos semelhante a que há para os grãos. Por meio dela, garante-se um valor que, ao menos, os plantadores não percam dinheiro. A equipe econômica assegura que, no caso dos hortifrútis, essa política não é possível, dada à extrema volatilidade dos preços e à alta sensibilidade a efeitos climáticos.

Pode até ser verdade. Mas de uma coisa ninguém tem dúvida: a inflação está mostrando as garras, corroendo o poder de compra, sobretudo dos mais pobres, e limitando o crescimento econômico do país. Não adianta mais tentar explicar o inexplicável. Muito menos encontrar os culpados da hora. A hora é de agir.

Fonte:Correio Braziliense 08/04/2013


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