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O impacto do dólar forte sobre as empresas no país

A rápida valorização do dólar trouxe novas preocupações, como a levantada por recente estudo do Banco de Compensações Internacionais (BIS, da sigla em inglês), sobre um possível aumento insuspeito nas dívidas de empresas não financeiras dos países emergentes, especialmente China e Brasil. Para o BIS, o grande aumento de empréstimos de filiais no exterior a matrizes nesses países, computados como "investimento estrangeiro direto", encobre o uso das filiais para captar financiamento externo e mascara o tamanho real da dívida privada. Os dados oficiais no Brasil mostram um quadro mais complexo. O Banco Central (BC) tem meios de acompanhar de perto o que se passa entre filiais e matrizes de multinacionais brasileiras, diz um graduado integrante da equipe econômica. Se é verdade que empréstimos entre elas ajudam a inflar as estatísticas do investimento estrangeiro direto, é possível também verificar que a qualidade desses empréstimos não dá razão para alarme, diz. Crescimento da dívida externa das empresas em dólar impressiona O confortável nível de reservas em moeda estrangeira permite ao Banco Central oferecer mecanismos de prevenção (hedge) às empresas interessadas. O BC também vigia permanentemente o mercado para imunizá-lo contra operações exóticas - como as que, em 2008, quebraram companhias muito expostas aos riscos da flutuação cambial. A dúvida é se uma abrupta mudança de cenário não teria efeitos não previstos sobre a dívida externa das empresas, ou de certas empresas. As chamadas operações intrafirmas realizadas entre empresas não financeiras somavam, em novembro de 2014, US$ 206,3 bilhões, número que pôs o Brasil como o segundo país em volume de operações desse tipo, só atrás da China. Os dados do BC mostram, porém, que, desse total, US$ 129,3 bilhões são, na prática, uma espécie de adiantamento de pagamento de exportação e estão vinculados a contratos que preveem o pagamento em mercadorias da matriz para a filial. O governo crê que, no caso de um descompasso entre a cotação da moeda estrangeira e as cotações das mercadorias, o pagamento desses mais de 60% de empréstimos intrafirma pode ser acomodado em negociações entre a filial credora e a matriz devedora. Restam cerca de US$ 70 bilhões em financiamento intrafirma com maior chance de incluir mecanismos como o descrito pelo estudo do BIS, em que uma filial toma crédito no mercado financeiro e repassa à matriz, entrando no país como investimento estrangeiro direto. Esse volume não é considerado suficiente para criar algum problema sistêmico. O BC tem instrumentos para se antecipar a algum problema pontual e considera o endividamento das firmas em moeda estrangeira proporcionalmente baixo, razoavelmente alinhado à receita dessas empresas. Impressiona, porém, o forte crescimento da dívida externa das empresas denominada em dólar, que, entre junho de 2008 e junho de 2014, aumentou 180%. A dívida externa em reais cresceu mais, quase 240%. A participação dos empréstimos externos em relação ao total de empréstimos cresceu, nesse período, de 24% para 29%, concentrados em grandes companhias. Como nota o Banco Central, apenas 1% das empresas brasileiras, grandes companhias que detêm 60% da dívida privada global, estão expostos a dívida com credores externos. Na avaliação da equipe econômica, o país enfrenta um cenário de "risco controlado": apenas 5% a 6% das dívidas totais das empresas não financeiras, ou 16,8% da dívida externa privada, são responsabilidade de firmas sem nenhum tipo de proteção (hedge) contra variações repentinas nas condições de pagamento a créditos estrangeiros. O valor dessas dívidas soma cerca de 2,9% do PIB. Cerca de 30% das empresas com credores externos não exportam e não têm hedge, mas são filiais de multinacional estrangeira, ou companhias com ativos no exterior correspondentes a mais de 70% da dívida. E quase 36% são exportadores, com receitas em dólar Analistas privados concordam com a avaliação de que não são grandes os riscos de crise com a dívida externa privada. O economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, vê atenuantes nos setores onde há empresas com grande comprometimento do caixa no pagamento da dívida, como é o caso das empresas de telecomunicações, que, em setembro de 2014, tinham uma dívida externa equivalente a R$ 35,2 bilhões, da qual os contratos com vencimento em curto prazo equivaliam a 30% de seu caixa. Para o setor químico, as dívidas de curto prazo chegavam a 90% do caixa, naquela data. Desde então, o dólar valorizou-se em cerca de 17%. Filiais de grandes empresas estrangeiras, as teles têm meios de acomodar uma flutuação severa do câmbio, comenta Barros. Os outros setores com alto endividamento, como químicos, siderúrgicos e papel e celulose têm, ainda, nas exportações, um colchão contra a valorização do dólar, argumenta. Mas, enquanto empresas de papel e celulose se beneficiam dos preços internacionais estáveis, outras devem sofrer em seus balanços o descompasso entre custo da dívida crescente e preços em baixa. Para Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV, o alto patamar do déficit em contas externa do país, "o terceiro maior do mundo", obriga o governo a prevenir-se contra uma situação de estresse, que possa provocar desinteresse dos investidores pelo país. Apesar de, em termos agregados, os dados assegurarem que o Brasil é capaz de resistir a um choque cambial, não está clara, ainda, a situação de algumas empresas com grandes dívidas e dependentes de preços em queda, como a Petrobras, em caso de estresse nas condições de financiamento externo. No governo, chamam esse desafio de "choques gêmeos": a queda dos preços de commodities derruba os ganhos do comércio exterior e a alta do dólar gera novos custos. Uma combinação perigosa, que exige atenção extrema das autoridades econômicas. Sergio Leo é jornalista e especialista em relações internacionais pela UnB. É autor do livro "Ascensão e Queda do Império X", lançado em 2014. Escreve às segundas-feiras.

Fonte: Valor  Online  19/01/2015

 


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