São Paulo - A parcela de consumidores brasileiros comprometida com dívidas nos próximos meses cresceu oito pontos percentuais na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2014 e chegou a 31%.
As informações constam na pesquisa Perfil do Inadimplente, realizada pela Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).
Na passagem do terceiro para o quatro trimestre cresceu de 19% para 23% o total de inadimplentes que possuem mais de 50% da renda comprometida com o pagamento de dívidas. Já a parcela dos consumidores com comprometimento entre 25% a 50% caiu de 33% para 30% no período. E o número de endividados com a renda familiar comprometida em até 25% ficou ligeiramente menor, de 48% para 47%.
Segundo o levantamento, no quarto trimestre, 42% dos consumidores disseram estar pouco endividados e 25% afirmaram estar muito endividados. A parcela dos "mais ou menos endividados" ficou em 33%.
O desemprego foi apontado por 36% dos entrevistados para justificar a inadimplência. A segunda razão foi o descontrole financeiro, com 28% das menções. Em seguida aparece o empréstimo do nome a terceiros (12%).
A pesquisa apurou ainda que 95% dos inadimplentes possuem dívidas com atraso superior a 90 dias. A aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos foi a razão da inadimplência para 19% dos entrevistados, mesmo percentual que obteve o item pagamento de contas diversas (condomínio, aluguel, conta de celular e outros serviços).
Apesar do contexto de relativa instabilidade, e desaquecimento do mercado de trabalho e menor concessão de crédito, a pesquisa mostrou que cresceu de 83% para 90% a parcela de consumidores que estão otimistas em relação aos próximos 12 meses.
O otimismo reflete na intenção dos consumidores em realizarem novas compras após quitarem as dívidas. De acordo com a pesquisa 32% pretendem realizar novas compras - aumento de 5 pontos percentuais em comparação com a pesquisa anterior.
Quitação de dívidas
O volume de quitação de dívidas atrasadas apresentou redução de 1,87% no ano passado na comparação com 2013, mostra indicador divulgado ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito(SPC Brasil). Em dezembro, o número de pessoas que "limparam o nome" caiu 3,51% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Na comparação com novembro, o indicador teve alta de 3,04%. A elevação na comparação mensal, no entanto, é explicada por fatores sazonais, como a injeção de recursos por conta do 13º salário e abertura de vagas temporárias no mercado de trabalho.
O resultado de 2014, de acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, é um reflexo da falta de dinamismo da atividade econômica. "O mercado de trabalho sentiu os efeitos negativos sobre a renda das famílias e a confiança do consumidor. Por causa dos altos níveis de inflação e de juros, a recuperação das pendências em atraso ficou mais difícil", afirma a economista.
Fonte : DCI - São Paulo/SP – FINANÇAS POR João Felipe em 15/01/2015 ASERC