Autoridades sanitárias são unânimes em afirmar que, se existe risco da chegada do Ebola ao país, as chances de um surto são muito pequenas - principalmente em virtude de a contaminação pressupor contato com fluidos corporais do doente. Mas cuidados já vêm sendo tomados. Na quarta-feira (6), via teleconferência, o médico epidemiologista Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, conversou com representantes das secretarias estaduais e diretores de hospitais de referência. "Nós, do ministério, participamos de um grupo da Organização Mundial de Saúde e recebemos, diariamente, relatórios com casos no mundo. São alertas, de fontes oficiais, que nos ajudam a compreender o problema", explicou Barbosa. Semanalmente, um comitê formado por 15 pessoas se reúne em uma sala do bloco G da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para discutir o conteúdo desses alertas e avaliar riscos no país. Em outra sala do ministério, um centro de informações funciona sete dias por semana, consolidando dados relevantes de saúde pública de todo o país. Onde chegam, por exemplo, todos os casos de doenças de notificação compulsória - como dengue, hanseníase, tétano e outras, que constam de uma lista elaborada pelo próprio ministério. Há duas possibilidades de chegada do Ebola. A primeira seria um viajante internacional portador do vírus que adoeça no percurso - a doença costuma se manifestar de 2 a 21 dias após a contaminação. "Em caso de paciente com febre, vômitos ou quaisquer problemas do tipo no trajeto, a companhia aérea comunica as autoridades", lembrou Barbosa. "O doente é removido para um hospital de referência - no caso de São Paulo, o Emílio Ribas -, e um grupo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) entrevista os passageiros. Como o Ebola não é transmitido pelo ar, neste caso não é necessário deixar todos em quarentena". Uma segunda possibilidade é de a pessoa viajar durante o período de incubação e só adoecer no Brasil. "Como o Ebola sempre produz casos graves, o doente inevitavelmente vai chegar a um médico", acredita Barbosa. Em ambas as situações, o Ministério da Saúde deverá ser comunicado imediatamente. O transporte do paciente para o hospital também foi normatizado. Deve ser feito por meio das equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Para tanto, além dos equipamentos que já têm, os serviços começaram a receber, na última semana, kits com macacões especiais, impermeáveis, para serem usados como segunda proteção, além de aventais.
Fonte: Gestão Sindical / Por Bahia Notícias - 10/08/2014