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Juro baixo nos EUA facilita ajuste do Brasil

A persistência de juro baixo nos Estados Unidos pode facilitar o ajuste esperado da economia brasileira no próximo ano. Diminui a pressão altista sobre o dólar, contribuindo para pressionar menos os juros reais no Brasil, o que, por sua vez, evita uma depreciação expressiva do real. Este é um cenário possível, embora incerto.

Um dos principais debates em curso no mundo trata da saída do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, de sua política monetária ultraexpansionista, adotada na crise de 2008. A discussão ganhou força recentemente porque a maior economia do mundo dá sinais de que caminha para a normalidade.

Diante disso, assinala o economista Luiz Guilherme Schymura, diretor do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre), surgem as seguintes questões: quando será feito o ajuste; que impacto a elevação da taxa dos Fed Funds poderá ter sobre a estrutura a termo das taxas de juros; qual será o novo nível "normal" dos juros americanos; esse patamar é muito distante do que prevalecia antes da crise global?

Ricos podem conviver com crescimento baixo por muitos anos

"Um bom ponto de partida do debate sobre essa última pergunta diz respeito à relação entre crescimento econômico potencial e juro de equilíbrio. Quanto menor o ritmo do primeiro, menos elevado será o patamar do segundo. Na opinião de amplo número de analistas e acadêmicos de peso, a nova normalidade da economia americana (talvez mesmo do mundo desenvolvido de maneira geral) pode corresponder a um quadro em que o ritmo de crescimento potencial seja inferior ao que prevalecia antes da crise global, situação que poderia se estender por anos ou mesmo décadas", observa Shymura, que trata do tema na Carta do Ibre que será divulgada hoje.

Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro na gestão Clinton, desenvolveu a tese da "estagnação secular". Ele constatou que, no período anterior à crise de 2008, os preços de ações e imóveis cresceram de forma vertiginosa e os empréstimos também avançaram rapidamente, mas, mesmo assim, a economia americana cresceu apenas ligeiramente acima do padrão anterior e a inflação permaneceu em níveis historicamente baixos.

Summers levantou a possibilidade de os EUA enfrentarem uma deficiência crônica de demanda. O ex-secretário concluiu que a retração dos investimentos tem relação com o baixo crescimento populacional e a moderação do avanço da produtividade. "O consumo, por sua vez, seria afetado pelo problema de desigualdade na distribuição de renda e de riqueza e pelo aumento da participação do capital na renda nacional", diz Schymura.

Outro economista americano - Robert J. Gordon - também previu queda duradoura do crescimento potencial dos EUA. Ele acredita que questões demográficas e educacionais, além de outras relacionadas à dívida, à desigualdade e à redução do ritmo de inovação tecnológica, são "poderosas o suficiente para cortar o crescimento pela metade". Gordon prevê que o avanço da renda per capita nos EUA recuará da média de 2% ao ano, registrada entre 1891 e 2007, para 0,9% nas próximas décadas.

Mesmo no Fed há quem acredite na perda de capacidade dos EUA de crescer. William Dudley, presidente do Fed de Nova York, argumenta que as famílias e empresas, submetidas a longos sete anos de desalavancagem, adotaram comportamento mais cauteloso, com maior propensão à poupança e menor disposição para consumir e investir. Ele acha provável que se mantenham as pressões para baixo no juro de equilíbrio da economia americana, mesmo após a recuperação. "Isso decorreria de um menor ritmo de crescimento da força de trabalho e de ganhos de produtividade modestos no futuro, fatores que têm a ver com o lado da oferta", diz Schymura.

Outro dirigente do BC americano - Narayana Kocherlakota, do Fed de Minneapolis - alega que o acesso ao crédito se tornou mais difícil depois da crise e que isso pode provocar o aumento da poupança das famílias. Para ele, a "Grande Moderação", período anterior à crise caracterizado por baixa volatilidade do produto e taxas de inflação reduzidas, era ilusória. "A crise trouxe a dura constatação de que o risco macroeconômico não desapareceu", conclui Schymura.

No mercado, a trajetória do chamado juro real "forward" de cinco anos - o juro médio do período de cinco anos que virá após os próximos cinco - tem mostrado tendência de queda. Entre 2000 e 2011, esse juro oscilou entre 2% e 3% ao ano. Desde meados de 2011, revelou nítida inclinação de redução e, por causa do recrudescimento da crise europeia naquele momento, chegou a cair a zero.

Quando o Fed passou a sinalizar o início da redução dos estímulos monetários, em maio do ano passado, o juro real "forward" cresceu e chegou a quase 2% ao ano. No início deste ano, quando ficou claro que o Fed não tinha pressa em eliminar os estímulos monetários, caiu abaixo de 1%. Estimativas de juros dos integrantes do Fomc, o comitê de política monetária do Fed, também preveem recuo.

"Independentemente de estarem ou não certos os defensores da possibilidade de queda duradoura do crescimento potencial dos EUA, sejam eles banqueiros centrais ou não, o fato concreto é que, desde o início deste ano, os participantes de mercado passaram a apostar na veracidade dessa hipótese, derrubando os juros forward", informa Schymura.

Uma das teses da queda do juro americano na década passada é explicada pelo aumento exponencial da poupança na China e em outros países asiáticos. A dúvida é saber se a hipótese contrária seria verdadeira: à medida que a poupança chinesa recue em prol de uma maior taxa de consumo, esse fenômeno pode neutralizar as forças que derrubam o juro dos EUA? É uma boa hipótese, diz Schymura, mas o quadro atual não é esse.

A manutenção do juro baixo nos EUA não elimina a necessidade de correção dos desequilíbrios em economias como a brasileira, mas certamente ameniza o processo. A elevação rápida dos juros americanos provocaria forte saída de capitais do país, depreciando o real, gerando inflação e suscitando dúvidas sobre a saúde das contas externas. Um cenário menos turbulento ajuda, mas não deveria funcionar como justificativa para a não realização dos ajustes necessários e a leniência da política econômica verificada nos últimos anos.

Fonte:  Valor Online / Gestão Sindical - 06/08/2014

 


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