O mercado financeiro passou a considerar que o ciclo de alta da Selic iniciado em abril pelo Banco Central pode estar se aproximando do fim. Esse entendimento ficou explícito, ontem, no comportamento dos juros no mercado futuro, que tiveram baixas expressivas. As taxas dos contratos com vencimento em julho de 2014, por exemplo, caíram de 10,41% ao ano para 10,26%. O mesmo ocorreu com as operações com liquidação prevista em janeiro de 2015, que saíram de 10,82% para 10,62%.

A aposta na queda só não foi maior porque a divulgação de um resultado fiscal decepcionante pelo Tesouro Nacional, à tarde, levou investidores a reacender os temores de que os gastos do governo vão continuar alimentando a inflação, o que levaria o BC a ter que persistir por mais tempo na política de aperto monetário. 

A expectativa de redução no ritmo de alta da Selic foi alimentada pelas mudanças feitas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no comunicado pelo qual anunciou a elevação da taxa para 10%, na noite de quarta-feira, dando indicações de que poderá fazer apenas mais um ajuste de 0,25 ponto percentual, em janeiro, o que levaria os juros básicos para 10,25% ao ano. 

“O mercado está interpretando que vai ter um ciclo de aperto monetário mais leve”, afirmou o gestor de Renda Fixa da Brasif Gestão, Henrique de la Rocque. “Acreditamos que a alteração no comunicado é compatível com o nosso cenário de apenas mais uma alta de 0,25 ponto percentual no encontro de 14 e 15 de janeiro”, afirmou, em relatório distribuído a clientes, o diretor de Pesquisas Econômicas do Bradesco, Octavio de Barros. 

Pressões
Segundo ele, esse último movimento completaria um ajuste de 3 pontos percentuais na Selic, que estava na mínima histórica de 7,25% em abril, o que seria suficiente para permitir que a inflação começasse a caminhar em direção à meta de 4,5%, já que o ritmo fraco da atividade econômica não ameaça pressionar os preços.

Fonte: Correio Braziliense - 29/11/2013