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PRESIDENTE DA FEDCONT É ENTREVISTADO PELA CNPL - SOBRE O DIA 25 DE ABRIL "DEIXEM-NOS TRABALHAR EM PAZ"

AOS AMIGOS E COMPANHEIROS CONTABILISTAS DE TODO O BRASIL, PARCEIROS E FUNDADORES DA CNPL, NOSSAS SINCERAS E MERECIDAS HOMENAGENS!

Deixem-nos trabalhar em paz

Entrevista com o presidente da Federação dos Contabilistas dos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia - Fedcont, Luiz Sérgio da Rosa Lopes

Quando de sua criação, em 11 de fevereiro de 1953, a CNPL foi constituída por três das mais importantes federações de sindicatos laborais da época: a Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo; a Federação dos Contabilistas do Estado do Rio Grande do Sul; e a Federação Nacional dos Odontologistas, que com sua união criaram as bases para uma efetiva representatividade das profissões liberais. Pois é, como podemos ver, os contabilistas estão presentes na célula mater da CNPL, compondo o seu DNA de lutas e conquistas em prol de todas as categorias de profissionais liberais. Aproveitando o gancho das comemorações do Dia do Contabilista, neste 25 de abril, entrevistamos Luiz Sérgio da Rosa Lopes, presidente da Federação dos Contabilistas dos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia - Fedcont, e também vice-presidente da CNPL, contabilista atuante desde 1975 e batalhador calejado nas lides sindicais desde 1980, para um rápido bate-papo sobre o momento vivido pelo segmento contábil e pela categoria no País. A queixa maior, segundo Luiz Sérgio, é em relação à legislação tributária, com seu cipoal de leis, a maioria redundante, que atormentam os profissionais, não os deixando trabalhar em paz pelo crescimento da nação. Aproveitem a entrevista.

O que os contabilistas podem, efetivamente, comemorar neste 25 de abril, dia dedicado à categoria?

Acho que os contabilistas, a profissão em si, tem sido bastante valorizados nos últimos tempos no Brasil. Houve uma época em que os contabilistas não tinham tanta participação na vida das empresas. A contabilidade era usada simplesmente para registrar os atos e fatos passados e não servia como guia, como elemento organizacional para o planejamento futuro das empresas. Hoje, essa faceta já é utilizada com grande freqüência e com grande êxito pelas maiores empresas brasileiras e até mesmo pelas médias empresas. As pequenas empresas é que ainda estão em fase de experiência, se utilizando deste instrumento de forma ainda muito parcimoniosa. Mas, nas grandes empresas e médias empresas, a contabilidade já é utilizada como instrumento de planejamento, de desenvolvimento de cada uma dessas empresas. Houve época em que o contabilista na verdade não era contabilista. Era conhecido como guarda-livros. Com o aprimoramento do conhecimento, com a criação do curso de nível superior, a profissão passou a ser muito mais valorizada, porque os seus componentes passaram a adquirir o conhecimento técnico, que até então não tinham, e isso evidentemente fez com que a profissão se tornasse hoje um instrumento fundamental no gerenciamento das empresas. Então, acho que nós os contabilistas temos muito que comemorar, em razão da evolução da profissão e da importância que ela hoje assume na direção dos assuntos econômicos do País.

O senhor acha então que a contabilidade já atingiu o patamar de consultoria econômica, face às novas tecnologias disponíveis, do aumento da qualificação de seus profissionais, entre outras conquistas?

O contabilista hoje não é somente um consultor, mas também um executor. Grandes empresas utilizam a sua contabilidade de custo e sua contabilidade gerencial para formalizar previsões. Então cabe ao contabilista executar essas previsões de investimentos, entre outras ações fundamentais. Ele hoje está em uma posição, dado o instrumental ao qual dispõe, o conhecimento adquirido, de se posicionar como o melhor assessor com o qual as empresas podem contar para planificar o seu futuro.

Que entraves o senhor identifica no caminho de um deslanche ainda maior para a profissão no atual momento brasileiro?

A grande dificuldade, compartilhada por toda a sociedade brasileira que reconhece e reclama, é a existência dessa enorme legislação tributária que nós temos, esse cipoal de leis existentes no País. Isso dificulta e muito, não só o exercício da profissão, de escrituração de dados da empresa, como também toda a sociedade tem reclamado muito disso, desse custo Brasil que precisa ser em parte reduzido. Nós não propomos a extinção total de controle, muito menos a extinção total dos impostos. O que propomos é uma racionalização desses impostos. Não se pode viver em um país com mais de meia centena de impostos que incidem sobre as pessoas e mais de duzentas instruções normativas que existem para balizar o preparo de demonstrações financeiras, para registro de impostos, em suma, todo dia a Receita Federal, a Receita Estadual ou municipal, emite um documento qualquer, a respeito de qualquer coisa, mexendo com a área tributária. Isso é terrível. Faz com que o profissional, muitas das vezes, perca um tempo enorme se aprimorando na legislação do dia que ao fim e ao cabo menor atenção questões fundamentais como se dedicar ao planejamento. Isso tem prejudicado a tal ponto, que as empresas hoje têm a contabilidade gerencial separada da contabilidade de registro. Lidar com a legislação tributária tornou-se uma especialidade, tal qual ocorre na medicina.

Aproveitando o embalo, o que o senhor pensa a respeito da criação, pela presidente Dilma, deste 39º ministério dedicado às Pequenas e Microempresas. O arcabouço legal e as estruturas ora existentes não davam conta do recado?

Davam plena conta do recado. Não havia a menor necessidade de se criar mais este ministério. Já existe uma legislação farta sobre o assunto, sobre microempresa, Simples, etc e tal. Pode ser que este ministério traga maior benefício não para a área contábil, propriamente dita, mas talvez ajude aos microempresários, por seu statusde ministério, possibilitando uma alocação maior de recursos, de investimentos no segmento. Ou seja, talvez possa ser criado um banco de fomento específico. Talvez os benefícios proporcionados por esse ministério sejam nessa área. Mas não sabemos, como é de praxe. A única certeza é que não acrescentou absolutamente nada de novo no que diz respeito ao trabalho do profissional de contabilidade. Na verdade este novo ministério representou apenas a criação de mais gastos, quando - como recomenda o bom senso, o governo deveria estar trafegando na direção oposta, ou seja, buscando a contenção de gastos a todo custo, equilibrar receita com despesa, enfim coisas que ele, o governo, não faz. Está na hora de se colocar em prática a receita mais elementar do receituário econômico: não se gasta mais do que se arrecada. Simples assim.

Mande uma mensagem para os seus colegas contabilistas de todo o Brasil.

Faço um chamamento para que todos os profissionais liberais, e não apenas os contabilistas, se sindicalizem. Falando dos contabilistas em particular, acho que eles devem  participar mais das atividades de suas entidades sindicais, que tratam realmente dos problemas e buscam soluções para as demandas profissionais, políticas, sociais e econômicas da categoria, da sociedade e do Brasil.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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